Uma oficina de criação poética sobre as relações entre poesia e rosto.
Em seu célebre ensaio sobre linguística e poética, Jakobson conta a certa altura de um missionário na África que, ao censurar a nudez de seu rebanho, é defrontado com a pergunta Mas o senhor também não traz sempre nua uma parte do corpo? Ao que responde o pastor: Sim, mas é meu rosto. Respondem-lhe os africanos: Conosco tudo é rosto.
Na poesia tudo é rosto, tudo significa, nada é acessório, ou por outro lado, a poesia supõe certa nudez da linguagem. Ainda que o rosto possa dissimular e se enrijecer em máscara, trata-se de uma segunda natureza, sua vocação é convocar eticamente quem o contempla. Para Lévinas: o rosto é uma espécie de significação fora de contexto, que faz com que nos responsabilizemos pelo outro, “o rosto é que nos proibe de matar”.
A poesia é rosto, nudez e convocação ética. Inversamente, o rosto, inclusive o perdido, também é matéria de poema. Em que espelho ficou perdida a minha face?, pergunta Cecília Meireles em “Retrato”.
As relações entre rosto e poema serão exploradas ao longo de quatro encontros conduzidos pelo poeta e professor Fabio Weintraub. A cada encontro, após uma breve introdução teórica, as/os participantes serão convidados a criar poemas a partir de um estímulo textual, visual ou de um exercício lúdico. Ao final dos encontros, haverá um espaço para compartilhamento e comentários do que foi escrito pelos oficinantes.
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R$ 480,00Preço
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